Juros mais baixos - ou, pelo menos, mais adequados ao bolso do consumidor - pacote do Governo para incentivar o setor, concorrência entre instituições financeiras, enfim, nos últimos meses, essa somatória de fatores positivos contribuiu para que os reflexos da crise econômica não respingassem com tanta intensidade no mercado brasileiro.
De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), em junho, o volume de crédito habitacional contratado através do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiu R$ 2,976 bilhões.
E se levarmos em conta os resultados dos seis primeiros meses do ano, houve um aumento de 5,1% , com R$ 13,605 bilhões. A Abecip informou, ainda, que, em termos de unidades financiadas, em junho o número também foi o recordo do ano, atingindo 25.840 com crescimento de 24,1% em relação a maio. O total do semestre atingiu 125.136 unidades, apresentando uma queda de 2,57% comparada ao mesmo período do ano anterior.
Em junho também foi registrado o melhor desempenho na captação de recursos por intermédio da poupança, com depósitos superando retiradas em R$ 1,789, proporcionando um resultado semestral positivo em R$ 1,712 bilhão. O saldo global das contas de poupança fechou o primeiro semestre com R$ 224,518 bilhões, apresentando crescimento de 14,3% em relação ao saldo do ano anterior.
Mas o que os bancos estão oferecendo aos clientes? Recentemente, o CRECI-SP realizou um levantamento com nove dos maiores bancos do País e apurou que apenas um deles declara financiar 100% do valor do imóvel usado pretendido pelo candidato a mutuário. É a Caixa Econômica Federal (CEF), cujo plano "Imóvel na Planta/ Construção-FGTS-Hipoteca" financia integralmente imóveis de valor até R$ 130 mil, no prazo máximo de 20 anos para quem tenha renda de até R$ 4.900,00.
É a CEF também que tem o segundo maior percentual de financiamento - 90% do valor do imóvel - para oito modalidades de empréstimos de sua carteira de crédito imobiliário e que abrangem desde imóveis do tipo popular, custando R$ 80 mil, até imóveis de valor ilimitado, desde que suportado pela renda e capacidade do pagamento do comprador. Os demais bancos estabelecem 80% como limite máximo de financiamento do imóvel.
Se não tem ainda o financiamento integral disponível em todos os bancos, os interessados em comprar a casa própria já contam, pelo menos, com prazo maior de financiamento, o que permite reduzir o valor da prestação. Entre os nove bancos pesquisados, sete concedem o prazo de 30 anos - ficam de fora Banco do Brasil e HSBC, que declaram conceder no máximo 20 anos de prazo para o mutuário quitar a divida.
"Financiamento integral, prazos longos e juros compatíveis com esse tipo de crédito de muito longo prazo são de peças-chave para dar estabilidade a todo o mercado imobiliário, garantindo um fluxo permanente de operações de compra e venda de usados que se reflete naturalmente no segmento de usados", ressalta Viana Neto, acrescentando: "É como acontece no mercado de automóveis - se travam o segmento de usados por problemas no crédito, o segmento do zero quilômetro acabará pagando também o preço da incúria".
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